Tramas Urbanas AL

Trajetórias da urbanização da América Latina

Os territórios autoconstruídos à margem da regulação urbanística – favelas, villas, loteos piratas e invasiones – estão intrinsecamente relacionados às dinâmicas históricas e contemporâneas da urbanização da América Latina. Por toda a região, o colonialismo impulsionou enorme distribuição desigual de terras, cujos efeitos são visíveis até os dias atuais.

Nas cidades, essa distribuição desigual de terras combinada com escassa oferta (pública e privada) de moradia digna e acessível aos mais pobres resultou na existência de formas alternativas e muitas vezes precárias de morar. Num primeiro momento, prevaleceram cortiços e pensões, os quais não tardaram em ser proibidos por normas urbanísticas e, em sua maioria, demolidos por autoridades municipais. Em resistência a essa tentativa de banimento das cidades, a população desalojada passou a ocupar terras não urbanizadas, seja pela compra informal de lotes baratos, ou por meio de invasões, dando início à formação de numerosos bairros autoconstruídos.

A plataforma digital Tramas Urbanas: Trajetórias da Urbanização da América Latina apresenta uma sistematização das trajetórias das políticas públicas direcionadas a assentamentos precários em três cidades latino-americanas: Buenos Aires (Argentina), Medellín (Colômbia) e São Paulo (Brasil). Além disso, a plataforma recupera as diferentes camadas de urbanização de territórios específicos em cada uma dessas cidades: Villa 20 (Buenos Aires), Comuna 2 (Medellín) e Heliópolis (São Paulo). São diferentes camadas de urbanização que resultam também dos esforços dos próprios moradores na transformação de seus territórios.

Memória como resistência e conexão entre assentamentos populares em São Paulo, Buenos Aires e Medellín

Tramas Urbanas: Trajetórias da Urbanização da América Latina resulta de um projeto de extensão articulado com a pesquisa de pós-doutorado “Pensando ‘Através de Outros Lugares’ e a partir ‘Daqui’: as políticas para as favelas em cidades Latino-Americanas”, conduzida pela Dra. Camila Saraiva no Laboratório de Estudos e Projetos Urbanos e Regionais da Universidade Federal do ABC (LEPUR-UFABC). Ambos foram financiados pela Urban Studies Foundation: Postdoctoral Research Fellowship (2020-2023) e Knowledge Mobilization Award (2021).

Como citar: Saraiva, C., & Brajato, D. (2023, December). Tramas urbanas: trajetórias da urbanização da América Latina. https://tramas-urbanas-al.proec.ufabc.edu.br/

A ‘Tramas Urbanas’ nasceu de uma solicitação feita por Antônia Cleide Alves, atual presidente da UNAS – União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região. Durante uma entrevista, Cleide solicitou uma linha do tempo com as ações realizadas por diferentes gestões municipais em Heliópolis “para ajudar sua memória”. Na mesma ocasião, disse estar interessada em conhecer mais sobre projetos realizados em Medellín “dos quais sempre se ouve falar”.

A ideia inicial de entregar à UNAS uma sistematização dos programas e políticas de urbanização implementados no município de São Paulo, e particularmente em Heliópolis, em diferentes gestões municipais foi ampliada para as cidades de Buenos Aires e Medellín.

Com a plataforma ‘Tramas Urbanas’: Trajetórias da Urbanização da América Latina objetiva-se contribuir para conectar a história de territórios característicos da urbanização da América Latina.

Espera-se que seja uma ferramenta de apoio para a preservação da memória das lutas comunitárias, que possibilite o compartilhamento de conhecimento e estimule a conexão entre diferentes comunidades nas cidades latino-americanas. Acreditamos que essa conexão pode abrir novas e variadas possibilidades de ação.

SAIBA MAIS SOBRE A METODOLOGIA DO PROJETO E QUEM FAZ PARTE DELE

POLÍTICAS DE INTERVENÇÃO

As políticas de urbanização, reurbanização, melhoramento ou integração de assentamentos precários na América Latina possuem algumas semelhanças. Essas semelhanças evidenciam certo grau de interconexão entre essas políticas, a qual se deve à circulação de ideias e profissionais entre essas cidades, tanto de maneira isolada quanto associada a agências de financiamento internacional, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento, ou ainda a organizações e grupos religiosos comprometidos com as comunidades na luta pela justiça social.

Apesar das interconexões e semelhanças entre essas políticas, elas são produto de processos singulares e políticas locais que precisam ser exploradas em detalhes. As linhas do tempo apresentadas nesta página registram os eventos associados à trajetória das políticas voltadas para os assentamentos precários desde meados do século XX em Buenos Aires (Argentina), Medellín (Colômbia) e São Paulo (Brasil).

Tais eventos, como a criação de leis e/ou programas, ocorreram principalmente na escala municipal, mas alguns marcos na escala nacional também foram determinantes na evolução dessas políticas. As trajetórias das políticas de intervenção em assentamentos precários, em cada uma das cidades aqui analisadas, diferem entre si em termos de arranjos institucionais, abordagem da intervenção e temporalidade.

Saiba mais sobre a trajetória dessas políticas

Comunidades

As paisagens das comunidades aqui retratadas acumulam diferentes processos de luta e urbanização, os quais estão evidentes em elementos que as compõem e diferenciam.

Clique nas comunidades e saiba mais sobre sua história de luta e urbanização.

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